O TDAH caracteriza-se por dificuldades na atenção, impulsividade e agitação, que podem se apresentar de forma isolada ou coexistir. Os sintomas se manifestam desde a infância. Há dificuldades em iniciar uma tarefa, em manter-se engajado e atento, concluir atividades, escutar o que foi dito. O esquecimento de compromisso e objetos, desorganização e dificuldades de planejamento também estão presentes. Os prejuízos escolares e profissionais prejudicam os pacientes acometidos pelo TDAH sem o tratamento adequado. Pode haver pior desempenho escolar, e na idade adulta, há maior chance de abuso de drogas.
Há três possíveis subtipos de TDAH: 1) predomínio de sintomas de desatenção; 2) predomínio de sintomas de hiperatividade-impulsividade; 3) Combinado.
Diversas regiões cerebrais estão envolvidas na origem do TDAH, porém os estudos atuais mostram um papel mais importante das conexões do córtex pré-frontal com outras regiões cerebrais que participam da atenção, da inibição, das tomadas de decisão, da inibição a respostas, do trabalho de memória e da vigilância.
O principal neurotransmissor (substância que atua nas comunicação entre os neurônios) relacionado é a dopamina, mas a noradrenalina também parece contribuir para a gênese do transtorno.
Como é dado o diagnóstico de TDAH?
O diagnóstico do TDAH é essencialmente clínico, por meio dos critérios diagnósticos do DSM-5-TR. Escalas como aSNAP-IV para crianças e a ASRS-18 para adultos podem ajudar o médico a dar o diagnóstico. Eventualmente, é necessário um teste neuropsicológico (realizado com psicólogo em várias sessões) para dar mais informações sobre o grau de prejuízo que a pessoa apresenta em termos de cognição, habilidades, etc.
Historicamente, acreditava-se que o TDAH fosse uma condição infantil que levava ao prejuízo no desenvolvimento do controle de impulsos, e isso seria superado na adolescência na maioria dos casos.
Contudo, cada vez mais tem havido a identificação de uma quantidade muito maior de adultos diagnosticados com TDAH e tratados com sucesso.
Até 60% das crianças com TDAH apresentaram melhoras persistentes nos sintomas durante a vida adulta.
As outras 40% persistem sintomáticos na fase adulta, com graus de prejuízos variados.
Nos adultos, o transtorno costuma ser diagnosticado por autorrelato. Portanto, é muito mais difícil fazer um diagnóstico preciso do que na infância. O diagnóstico de TDAH é bastante provável nas situações em que os sintomas dedesatenção e/ou impulsividade foram descritos por indivíduos adultos como um problema que tiveram a vida toda, e não como eventos episódicos!
Em adultos, os sinais do TDAH incluem impulsividade e déficit de atenção, como por exemplo:
Dificuldade para organizar e concluir trabalhos.
Incapacidade de concentração.
Aumento na distração.
Tomada rápida de decisões sem pensar nas consequências.
Como é o tratamento do TDAH?
Medicamentos psicoestimulantes:
Psicoestimulantes são a 1ª linha de tratamento do TDAH, pois apresentam maior eficácia e efeitos colaterais mais toleráveis.
Os psicoestimulantes são contraindicados em pacientes com anormalidades e riscos cardíacos conhecidos. Por isso, é importante que sempre se faça uma investigação cardiológica com ECG (eletrocardiograma) antes de iniciar essas medicações.
Os medicamentos estimulantes têm efeitos adrenérgicos e podem provocar elevações moderadas na pressão arterial (PA) e na frequência cardíaca (FC). Recomenda-se, então, que seja verificado rotineiramente estatura, peso, PA, FC e que seja realizado um exame físico anual em crianças e adolescentes que estejam em tratamento com estimulantes.
Atualmente, a disponibilidade dos psicoestimulantes no Brasil são:
Metilfenidato de liberação curta (Ritalina®) ou de liberação sustentada (Ritalina LA®, Concerta®).
Lisdenxanfetamina (Venvanse®)
Medicamentos não estimulantes:
Outras medicações podem ser tentadas para o tratamento do TDAH naqueles pacientes que não toleram o uso de psicoestimulantes, naqueles em que a medicação não está recomendada, naqueles em que há necessidade de potencializar o tratamento ou tratar sintomas específicos. Exemplos incluem a clonidina, bupropiona, modafinila e até antipsicóticos como a risperidona, devendo ser indicada somente por profissionais que tenham experiência no tratamento desses pacientes.
Intervenções não farmacológicas:
As intervenções psicossociais em crianças com TDAH incluem modalidades como:
Psicoeducação.
Habilidades de organização acadêmica.
Reabilitação.
Treinamento parental (foco em ajudar os pais a desenvolver intervenções comportamentais possíveis).
Modificação comportamental na sala de aula e em casa.
TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).
Treinamento em habilidades sociais.
A melhor estratégia de intervenção é a associação de tratamento farmacológico + terapia comportamental.
Fonte:
Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 11th ed. Porto Alegre: Artmed; 2017.
Stahl, Stephen M.. Fundamentos de Psicofarmacologia de Stahl: Guia de Prescrição, 6ª Edição.
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Dr. Rodrigo Prinz Psiquiatra
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