Síndrome de Ehlers-Danlos: Hipermobilidade, Dor Crônica e Impactos Psicossomáticos
- Rodrigo Prinz
- 20 de mai.
- 2 min de leitura
A Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) é um conjunto de condições genéticas raras que afetam a produção e a estrutura do colágeno, uma proteína essencial ao tecido conjuntivo. O subtipo mais comum, a SED hipermóvel, é frequentemente subdiagnosticado, especialmente em contextos clínicos onde há pouca familiaridade com seus sinais sutis e multifatoriais.
Uma das características centrais da SED hipermóvel é a hipermobilidade articular, que permite movimentos articulares excessivos. Embora muitas vezes confundida com “flexibilidade saudável”, essa condição pode resultar em instabilidade crônica, dores persistentes, fadiga muscular e episódios recorrentes de lesões, como entorses ou luxações. A sobrecarga física contínua, somada ao colágeno fragilizado, compromete a qualidade de vida e pode impedir atividades cotidianas simples.
A dor crônica é um dos principais fatores de sofrimento nessas pessoas. Essa dor pode ter múltiplas origens — articulares, musculares, miofasciais e até neuropáticas. Muitas vezes, é mal compreendida por profissionais de saúde, o que contribui para um ciclo de invalidação, frustração e cronificação. Quando não tratada de forma multidisciplinar, a dor tende a piorar, gerando um quadro de sofrimento físico e emocional contínuo.
É nesse cenário que entram os impactos psicossomáticos. Por vezes, pacientes com SED hipermóvel passam anos em busca de diagnósticos, sendo rotulados como ansiosos, hipocondríacos ou “psicossomáticos”. Embora esses termos, quando usados de forma pejorativa, reforcem o estigma, a verdade é que o sofrimento mental e físico estão entrelaçados. O estresse da dor contínua, as limitações físicas e a invisibilidade social contribuem para quadros de ansiedade, depressão, transtornos do sono e sensação de abandono terapêutico.
Compreender a SED requer um olhar ampliado — biopsicossocial — que leve em conta não só a biomecânica das articulações, mas também os efeitos subjetivos de uma doença crônica, invisível e negligenciada. O tratamento ideal envolve fisioterapia adaptada, controle da dor, suporte psicológico e reconhecimento validante por parte da equipe de saúde.
A educação médica, o acesso a centros especializados e o fortalecimento de comunidades de pacientes são caminhos fundamentais para mudar esse cenário e oferecer cuidado digno e eficaz a quem vive com a Síndrome de Ehlers-Danlos.
Onde obter mais informações:
Organização global dedicada à pesquisa, educação e apoio a indivíduos com SED e Transtornos do Espectro da Hipermobilidade (HSD). Oferece informações detalhadas sobre os 13 subtipos de SED, critérios diagnósticos, opções de tratamento e recursos de suporte.

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