A síndrome de Charles Bonnet (SCB) é definida por alucinações visuais complexas em pacientes sem comprometimento cognitivo e com doença oftalmológica acompanhada de redução na acuidade visual. Possui caráter benigno, o paciente mantém consciência da natureza irreal do fenômeno e tem sido relatada principalmente em idosos.
Os fatores de risco descritos na literatura para a síndrome são: isolamento social e perda visual bilateral. O conteúdo das alucinações envolve pessoas, animais, objetos, construções e/ou paisagens, em tamanho real ou miniaturas. Alguns estudos, inclusive, descrevem que as alucinações são vistas com maior nitidez que objetos reais, sendo diferenciados desses últimos apenas pela incoerência contextual da imagem, como por exemplo, a presença de animais silvestres na sala-de-estar. Frequente também ver figuras humanas ou animais em tamanho pequeno(alucinações chamadas liliputianas).
Estima-se que 1 a cada 7 pacientes idosos já tenha vivenciado uma experiência alucinatória desse tipo. A variação observada na taxa de prevalência pode ser decorrente de critérios diagnósticos ainda não muito bem estabelecidos, associado à relutância de alguns pacientes em admitir ter vivenciado o fenômeno.
Muitos pacientes não se sentem confortáveis em dividir a experiência com familiares e profissionais de saúde, com receio do estigma da doença psiquiátrica ou de iminente declínio cognitivo.
A abordagem mais eficiente para interrupção das alucinações foi a recuperação da acuidade visual, através do tratamento da doença oftalmológica de base. A recuperação, mesmo que parcial, da função visual já possui resultados significativos na redução dos sintomas. Algumas técnicas para encurtar a duração das alucinações também são descritas: fechar os olhos; piscar os olhos rapidamente; direcionar um foco de luz na imagem; concentrar-se em outra coisa; tentar interagir com a alucinação.
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