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Foto do escritorDr. Rodrigo Cerqueira Oliveira Prinz

Narcisismo

O texto Introdução ao narcisismo é considerado um dos mais importantes da obra de Freud, além de ser um marco na evolução de seu pensamento. Nele o autor reelabora o conceito de narcisismo, define melhor tanto as instâncias do Eu, quanto a do ideal do Eu, que posteriormente levará Freud a conceituar o Super Eu.


O termo narcisismo vem da descrição clínica e refere-se a pessoas que tratam o próprio corpo como objeto sexual. Olha-o, toca nele e o acaricia com prazer e satisfação sexual. Historicamente, o narcisismo foi concebido como um conceito vinculado à explicação da homossexualidade e à perversão. Contudo, a tese de Freud neste artigo é que ele é mais geral, consistindo numa etapa do desenvolvimento sexual do ser humano. Em suas palavras, “o narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do egoísmo do instinto de autoconservação, do qual justificadamente atribuímos uma porção a cada ser vivo” (Freud, [1914] 2013, p. 14–15).


Para melhor compreender o funcionamento do narcisismo, o autor relaciona essa fenômeno com as neuroses e as parafrenias (modo como o autor classifica nessa época a psicose, a esquizofrenia e a demência). Freud observa que em pacientes com dementia praecox e esquizofrenia ocorrem megalomania e o abandono do interesse pelo mundo externo (pessoas e coisas). Razão pela qual se furtam à influência da psicanálise. De outro modo, observa-se que na histeria e na neurose obsessiva, não se suspende a relação erótica com pessoas e coisas. Ainda que haja uma renúncia na ação motora para a sua satisfação concreta, a relação libidinal com objetos está mantida na fantasia (introversão da libido). Assim, a megalomania, comum na psicose, é expressão do narcisismo. Para Freud, a onipotência de quem sofre de megalomania é semelhante a encontrada em crianças e povos primitivos, os quais supervalorizam o poder de seus desejos e atos psíquicos, como a crença na magia revela.


Na primeira parte do texto, o autor introduz a diferença entre a libido do eu e a libido de objeto. Essa diferença se explica a partir do movimento que a libido faz, indo para objetos ou retornando para o eu. Há um investimento libidinal original no eu, o qual posteriormente cede ao objeto.Quanto mais se emprega uma direção para a libido, mais se empobrece a outra. Os extremos da direção da libido seriam o enamoramento (na libido de objeto) e a fantasia do fim do mundo na paranoia (na libido do eu).


Narcisismo é definido como o complemento libidinal do egoísmo da pulsão de autoconservação, ou seja, essa pulsão recebe um quantum a mais advindo da pulsão sexual, tendo esta última então o eu do sujeito como objeto. Para Freud, existe uma fase narcísica no desenvolvimento do ser humano, precedida pela fase de auto-erotismo e anterior à escolha de objeto (Freud, 1914:89). O Narcisismo pode então ser compreendido como um destino possível para a libido.




O processo do Narcisismo - retração da libido para o ego - é um processo que faz parte de muitos quadros, nem sempre indicativos de patologia, por exemplo, o luto pela perda de um objeto amado, essa seria a característica do processo de identificação, que se define pelo retorno narcisista da escolha objetal. Desse modo, Freud aponta para a dinâmica, a mobilidade e a qualidade do processo como os indicativos de "anormalidade".

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